13 Reasons Why 1×07 – Fita 4, Lado A

13 Reasons Why 1×07 – Fita 4, Lado A

Gustavo Pereira - 4 de abril de 2017

“Fita 4, Lado A” é precedido por “Fita 3, Lado B”. Para ler a crítica do sexto episódio, clique aqui.

Kurt Cobain pediu desculpas por não se divertir no palco; Hunter Thompson disse que ir além do tempo que ele “precisava ou desejava” estava tornando-o “mesquinho”; Mitchell Heisman escreveu uma imensa nota de 1.904 páginas ao longo de anos: uma ensaio tratando, dentre outros temas, de sociologia, religião e niilismo, apenas para concluir que “o mundo é sem sentido”. Em linhas gerais, o suicida toma sua decisão definitiva quando perde as conexões com o mundo. Quando se sente sozinho e irrelevante para os demais.

Em “Fita 4, Lado A”, Hannah fala sobre Zach (Ross Butler). Durante o desenrolar do episódio. são estabelecidos paralelos entre os dois. É por meio das semelhanças que 13 Reasons Why ressalta a principal diferença: o destino de Hannah é extremo porque, mesmo compartilhando com Zach o sentimento de isolamento no mundo, apenas ela não tem as conexões fundamentais para que a vida mantenha o sentido. Zach é um ídolo do time de basquete, reconhecido e admirado na comunidade, de família rica. Ele pode se sentir só, mas é querido por aqueles que o cercam e isso o possibilita abstrair dos próprios sentimentos. Hannah não tem esse privilégio.

As aulas de Comunicação, que assumem um protagonismo nos eventos de “Fita 4, Lado A”, representam mais uma ironia mórbida de 13 Reasons Why: a impessoalidade. Como que no Limbo, os alunos são expostos à mais clara de todas as evidências até aqui de que algo está errado, mas são incapazes de processar a informação e lidar com ela. De se comunicarem.

A relação de Clay com as fitas começa a verdadeiramente afetá-lo quando, segundo suas próprias palavras, ele “começa a entender” porque Hannah se matou. A montagem o coloca (outros personagens em menor incidência) em enquadramentos iguais, nos mesmos lugares ou olhando para as mesmas coisas que Hannah, uma forma de mostrar que ele está sentindo o mesmo que ela sentiu quando passou pelas experiências narradas nas fitas. Os pesadelos acordado, portanto, representam uma fusão entre a consciência e a realidade de Clay. É o seu ponto de ruptura. Típico nas séries da Netflix, o episódio que divide a temporada em duas metades apresenta uma virada. A sustentação do universo construído até aqui se prova falha e prestes a ruir. E é precisamente a instabilidade que gera movimento.

Para ler a crítica do oitavo episódio, “Fita 4, Lado B”, clique aqui. Para assistir a todos os episódios, clique aqui.

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