“Fita 5, Lado B” é precedido por “Fita 5, Lado A”. Para ler a crítica do nono episódio, clique aqui.
Existe um ditado de baixo calão sobre a forma como se aduba a vida. A noção de que vamos fazer algo estúpido, cedo ou tarde, é razoavelmente disseminada. O que separa os adultos das crianças é a ombridade para consertar as coisas ou, no mínimo, assumir as responsabilidades. Mas e se o peso for maior do que a força de quem precisa carregá-lo?
O formato adotado por 13 Reasons Why, apresentando um tema e explorando diversas variáveis ao longo do mesmo episódio, é ideal para aprofundar e comparar personagens em situações similares. Confrontados pela verdade, cinco deles reagem de formas distintas, e essas reações refletem as personalidades de cada um.
Um acidente tirou a vida de um aluno do colégio na mesma festa em que Hannah testemunhou o estupro do qual sua amiga Jessica foi vítima. Como azar pouco é bobagem, ela também estava no centro deste outro furacão e as coisas começam a ficar difíceis demais de suportar. Mas ela não estava sozinha. Sheri teve uma participação ainda mais ativa neste evento, mas foi incapaz de admitir a culpa. Assim como Hannah, ela não tinha estrutura psicológica para enfrentar as responsabilidades. Mas o código moral interno de Hannah não permitiu seguir o mesmo caminho, o que acabou por isolá-la.
Jessica e Justin merecem um parágrafo à parte, pois parece que suas motivações voltaram à credibilidade dos primeiros episódios. Impossibilitados de seguirem tapando o sol com a peneira no caso do estupro, este se mostra forçado a amadurecer e encarar o mundo de forma mais responsável, enquanto aquela entra numa jornada destrutiva, uma forma de autodepreciação para minimizar a violência que sofreu.
O comportamento de Jessica pode ser justificado em parte pela forma como seus amigos lidam com o fato. Não é um segredo entre eles, mas preferem fingir que não aconteceu. “Não use essa palavra” (estupro), “não sabemos se aconteceu mesmo”. O grupo liderado pelos “cidadãos de bem” Marcus, Courtney e Zach se tornam a cada episódio uma metáfora da cidadão médio, que não se importa que o mundo pegue fogo, desde que ele não saia queimado.
Clay chega ao seu momento de definição em “Fita 5, Lado B”. Descobrindo a verdade sobre o acidente, ele pôde perdoar o amigo e limpar a sua memória. Mas há outra verdade neste episódio para ele, muito menos conciliadora. E ele terá de decidir se vai assumir as consequências de seus atos ou fugir.
Para ler a crítica do décimo primeiro episódio, “Fita 6, Lado A”, clique aqui. Para assistir a todos os episódios, clique aqui.