Planejar um grande crime demanda tempo e ambição. Em La Casa de Papel esse plano ambicioso consiste em assaltar a Casa da Moeda de Madri. Unindo os bons nomes do crime da cidade esse ataque pode acontecer. No fim, teremos 8 ladrões trancados na Casa da moeda, com 67 reféns e seu líder manipulando a polícia do lado de fora Mas, quais seriam as consequências a partir do momento em que esse deixa de ser um projeto e se torna real?
A Netflix lançou em dezembro, no Brasil, a primeira temporada da série espanhola, sobre como executar o plano perfeito. Apesar do lançamento sem muito alarde, a série foi bem recebida e alcançou sucesso na propaganda boca a boca.
Semelhante aos melhores filmes do gênero, em seus 13 episidios, acompanhamos o crime. A série começa com a narradora, contando sobre que ela é e como ela adentra no grupo. Ela atende pela alcunha de Tókio (Úrsula Corberó) e relata de maneira onisciente o que aconteceu durante a ação. Sabemos o que foi feito no passado, por meio de flashbacks, para que a invasão da instituição fosse executada. Vemos também do que se passa na tenda montada pela polícia para as ações de defesa relacionadas ao caso, fora os ambientes externos pelos quais as personagens circulam. Tókio tem ciência, inclusive dos sentimentos das outras personagens e os narra.
Cada integrante do grupo usa como codinome uma localidade. Sendo assim temos Tókio, o narcisista Berlim (Pedro Alonso), o hacker e caçula Rio ( Miguel Hérran), Moscou (Paco Tous) e seu filho Denver (Jaime Lorente), os sérvios Oslo (Roberto García) e Helsinque (Darko Peric) e, Nairobi (Alba Flores) orientados pelo contratante conhecido como O Professor (Álvaro Morte). A equipe é ligada pelo desejo de alcançar a riqueza de maneira fácil e de omitir seu histórico. Cada um esconde bem segredos e sentimentos.
Do lado de fora, o time de adversário é encabeçado pela detetive Raquel Murillo (Itziar Ituño), que se encontra às vésperas do divórcio, vítima de um relacionamento abusivo (destaque para o momento no episódio 4 no qual ela relata sua experiência). Como mulher em posição de poder em um ambiente predominantemente masculino, ela precisa se impôr. As dificuldades pessoais somadas a pressão pelo fim do assalto a levam a um estado de esgotamento. Nisso o Professor enxerga uma oportunidade de estar a par das ações que podem frustrar seus planos. Começa aí seu jogo de sedução.
A história é contada no presente e no passado. A cada flashback, percebemos que o plano arquitetado é uma obra a beira da perfeição. Eles sempre aparecem quando alguma ação importante para que o rumo do assalto seja alterado ocorre. Esse retorno ao passado é a afirmação de que O Professor tem domínio de todos os passos dados por qualquer pessoa que se envolva em seu plano. Sua mente genial consegue prever as propostas e ações da justiça para atacá-los.
Mas, qual seria o proposito desse crime? Esse mistério prevalece até os últimos capítulos. Sabemos que não se trata de um assalto comum. Sabemos também que o objetivo é roubar a maior quantidade possível de dinheiro, mas não o que levou esse homem a planejar isso. O Professor é um fantasma, uma pessoa sem registros, um mistério, assim como suas ações.
Munido do plano perfeito, nossa opinião acerca de seu propósito oscila entre crer que o ato visa lucro até que é apenas uma manifestação anárquica contra o capitalismo (semelhante ao que o Coringa faz em Batman: Cavaleiro das Trevas). O uso do vermelho em cena intensifica o clima de inquietação da situação. Contraposto a escuridão dos ambientes subterrâneos ou dos cofres alvos, os macacões vermelhos mantém o sentimento de constante apreensão.
Com clima novelesco a série desenvolve os dramas pessoais das personagens paralelos a trama. Originalmente, La Casa de Papel é uma minissérie de 15 episódios de 60 minutos, mas chegou no Brasil editada. A Netflix lançou os 9 episódios originais reeditados em 13 partes, com aproximadamente 50 minutos de duração. A 2ª temporada (ou segunda parte da 1ª temporada) terá 6 episódios, que serão lançados na mesma plataforma, no Brasil, em Abril de 2018.