Com quase cinquenta anos de carreira, Steven Spielberg é um dos mais importantes diretores da história do cinema norte-americano. Praticamente inventou o blockbuster, contou histórias que povoaram a imaginação de toda uma geração, venceu três Oscars. Mas, não raro, ele tem a qualidade de seus filmes, sobretudo os mais recentes, contestada. Acusado de piegas, infantil, manipulador, excessivamente classicista. Para quem gosta de sua obra, no entanto, isso não passa de bobagem. Como prova, seguem os dez melhores filmes dirigidos por Spielberg (incluindo dois bem recentes), com a clareza de que essa poderia ser uma lista bem maior:
Spielberg brincando de ser Frank Capra. No meio da guerra (fria) entre superpotências, o elogio ao homem comum e ao diálogo.
A potência emocional de Spielberg encontra o olhar cirúrgico, meticuloso (frio, dizem) de Kubrick. E, por meio de Kubrick, Spielberg experimenta um cinema mais amargo, profundamente doloroso mesmo quando aparenta fazer uma concessão ao espectador.
A matiné, a aventura desmedida, despudorada, o cinismo e o carisma de um dos maiores heróis da história do cinema.
O mito revisitado, nuançado, mas nunca demolido. Com John Ford no horizonte, Spielberg faz um filme sobre a política, no que ela tem de melhor e de pior.
O encantamento infantil com o extraordinário. A adesão total a esse olhar infantil. A emoção à flor da pele.
Um marco no cinema de guerra contemporâneo, estabelecedor de uma estética posteriormente padronizada. Mas, antes disso, um filme sobre homens tentando encontrar as razões para lutar.
O encantamento do adulto (que volta a ser criança) com o extraordinário. O absoluto domínio de cada elemento da narrativa, composta num crescendo envolvente e empolgante.
A tragédia e suas consequências, o caráter cíclico de um dos conflitos definidores de nosso tempo e seus efeitos devastadores na vida dos que se engajam diretamente nele. O filme mais sombrio de Spielberg.
O nascimento do blockbuster moderno, o domínio pleno da linguagem, a arte de mostrar e de esconder. O medo em estado bruto.
O reencontro de Spielberg com suas raízes, um filme doído e necessário, um épico sobre a morte e a esperança.