Feliz dia das mulheres pra quem? Diante das inúmeras notícias de crimes e desrespeitos sofridos por mulheres nos últimos dias, se faz necessário, cada vez mais, aprendermos sobre as melhores maneiras de conhecermos nossos direitos. Para que isso seja possível é preciso entender o contexto histórico que nos trouxe até a situação atual e conhecer os recortes existentes no movimento feminista.
Esta lista, contendo 5 títulos lançados pela Companhia das Letras, transita por diferentes pontos de vista do movimento feminista contemporâneo e da história, proporcionando o entendimento das práticas culturais que tanto minimiza o, erroneamente, chamado sexo frágil. E todos eles são escritos por mulheres.
De maneira irreverente, o quadrinho da autora sueca dá uma aula de história. Stömquist explica como, no decorrer dos séculos, a relação do mundo com o corpo da mulher se transformou e afetou a sociedade.
Da antiguidade aos tempos contemporâneos, das ciências biológicas à filosofia, Liv explica como a maior parte das ideias sobre o corpo feminino são provenientes de achismos, mitos ou da falta de interesse nas informações exatas. E que estas ideias, em sua maioria, partem do ponto de vista de homens. O leitor receberá várias informações por meio de texto escrito e ilustrações – feitas por Liv – de assuntos como saúde, postura, lugares sociais, vida sexual, representação da vagina, estudos sobre comportamento e autoestima.
Focada no sertão brasileiro, entre as décadas de 1920-40, a pesquisadora Adriana Negreiros parte da história da mulher mais icônica do cangaço, Maria Gomes de Oliveira, conhecida pela alcunha de Maria Bonita, para analisar como era a vida das outras mulheres que viveram no período do cangaço.
Encontramos no livro relatos sobre a vida das mulheres que estavam no bando de Lampião. A vida das moradoras das cidades pelas quais o bando passou e de mulheres de outras cidades do país, que servem de parâmetro para comparação, também são abordadas. Não é um livro recomendado para quem passou por algum tipo de abuso físico ou psicológico. Contém muitas narrativas de sequestros, estupros, mutilação e morte contra corpos femininos.
Autora: Djamila Ribeiro
Selo: Companhia das Letras
Dando um salto no tempo, mas ainda falando sobre feminismo no Brasil, a terceira indicação é o livro da filósofa, acadêmica e feminista negra, Djamila Ribeiro. No capítulo de abertura, a autora relata sua experiência de vida, apontando a conflituosa relação que pessoas negras têm em construir sua identidade. Apagamento da imagem, estereótipos, machismo, subemprego e marginalização são alguns dos pontos tocados por ela em todo o livro.
“Quem tem medo do feminismo negro?” surge da urgência de observarmos a sociedade de outros pontos de vista, além dos que já nos foram oferecidos. Após anos de apagamento grupos étnicos e suas pautas passaram a ser amplamente discutidas. Os textos que compõe a obra são o compilado dos artigos que a autora escreveu para o porta Carta Capital.
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Tradução: Christina Baum
Selo: Companhia das Letras
Saindo do Brasil e indo para a África, a quarta indicação é de um livro pequeno e de fácil entendimento. A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é a transcrição de um discurso feito pela autora para um TED em 2012. Em 63 páginas a autora fala sobre situações reais que a levaram a entender as práticas machistas, e racistas, existentes na cultura ocidental. Especificamente em seu país.
Ela está falando de um problema local que é uma realidade global, a inferioridade da mulher. Sua fala tem como objetivo mostrar que é necessária a adequação do feminismo aos nossos tempos, por meio de práticas simples. Um livro simples que serve de introdução para a desconstrução de ideias radicais sobre o que é a luta feminista.
Autora: Heloísa Buarque de Hollanda
Selo: Companhia das Letras
Para encerrar, mas não menos importante “Explosão Feminista” é um livro desenvolvido de maneira coletiva. A escritora, ensaísta, editora e crítica literária, Heloísa Buarque de Hollanda fez uma vasta pesquisa para escrever esse livro. Ele aponta quais foram as mudanças pelas quais o feminismo passou ao longo dos anos e disserta sobre o que emergiu nas últimas décadas dentro do movimento.
O resultado é um livro feito por várias, mãos, olhos, bocas e ouvidos, com a capacidade de entender que o feminismo a cada dia se torna mais plural. Em suas páginas encontramos informações sobre militâncias, produções artísticas e recortes do movimento; seus pontos de convergência e divergência.