“Obrigada, São Francisco” é precedido por “A hérnia”. Para ler a crítica do segundo episódio de Girlboss, clique aqui.
Este episódio é problemático. Uma pena, porque poderia ser tão bom quanto os outros dois. Até começa bem, mas se perde em algumas escolhas de roteiro infelizes e uma piada de péssimo tom. Mesmo a direção mais solta de Christian Ditter, se permitindo a firulas, não consegue salvar uma proposta mal nascida.
Sophia percebe que precisa de um bom nome para sua loja virtual no eBay. E exatamente decidir qual será este nome é o desafio em “Obrigada, São Francisco”. É logo no começo do episódio que tem lugar o maior feito técnico da série até aqui: uma passagem de tempo que aparenta não ter cortes de Sophia ocupando todas as partes de sua casa enquanto Spinning Wheel, um excelente jazz-rock da banda Blood, Sweat & Tears, ocupa a trilha. Parece bobo, mas ao parar para refletir, é possível que você pergunte “como eles fizeram isso?”.
Percebendo que sua casa não vai lhe dar a inspiração necessária, decide sair pela cidade e convida Shane (Johnny Simmons, o baterista do primeiro episódio) para acompanhá-la. A intenção do roteiro é transformar São Francisco em uma personagem independente, capaz de interagir com as pessoas. Não é inovador, mas também não é simples. E Girlboss falha na tentativa exatamente por não dar à cidade a oportunidade de falar por si. Tudo se resume à perspectiva de Sophia, que a considera “mágica”, contra a de Shane, que a detesta. Não há um momento em que a “verdadeira” São Francisco apareça. Logo, o espectador não pode decidir se ela é mágica ou horrível.
E, falando em horrível, esse problema de roteiro, ou mesmo a falta de carisma de Simmons são toleráveis. Mas, semanas após o lançamento de 13 Reasons Why, que colocou tantos questionamentos na cabeça da juventude, transformar movimentos sociais sérios em caricaturas para piadas ruins é muita falta de sensibilidade da Netflix. Não estou aqui para dar spoiler, mas quem assistir a “Obrigada, São Francisco”, saberá de qual momento estou falando.
O episódio também não sabe a hora de abandonar uma ideia para seguir em frente. O tempo perdido para a escolha do nome é longo demais, mesmo numa série com episódios durando 30 minutos. Os erros são tão primários e cortam tanto o ritmo agradável da série que os acertos ficam pequenos, como a bela rima visual entre o começo e o final de “Obrigada, São Francisco”, mostrando Sophia insegura diante do dilema sobre o nome de sua loja e depois confiante com a escolha certa.
Tire suas próprias conclusões assistindo a todos os episódios de Girlboss aqui.
Para ler a crítica do quarto episódio, “Ladyshopper99”, clique aqui.