“Pantalona” é precedido por “Cinco porcento” para ler a crítica do sexto episódio de Girlboss, clique aqui.
Pode parecer ridículo, mas a situação vivida por Sophia em “Pantalona” não é uma caricatura. Vindo de alguém que administra um site sobre cultura e entretenimento: é bastante real. O irmão bastardo do sucesso é o hate. E ele vem tão intenso quanto a relevância da sua atividade.
Não vou exigir uma pesquisa extensa dos comentários nas publicações do Plano Aberto em nossa página do Facebook ou na seção de comentários aqui no site. Mas, caso minha palavra não conte, podem checar: sempre que escrevemos sobre um filme blockbuster ruim, não somos agraciados com flores. Longe disso, na verdade. Gail (a sensacional Melanie Lynskey, que o grande público deve lembrar por Two and a Half Men) é o retrato da internet que se acha dona das coisas.
“Pantalona” gira em torno da famigerada calça e das visões antagônicas de Sophia e Gail sobre como as roupas vintage devem ser tratadas. Gail, que é dona da concorrente Remembrances, acredita cegamente que preservar uma peça de roupa é preservar um pedaço da História. O que não é nenhum absurdo, o mundo é plural. Existe uma lenda urbana de que profissionais da internet vivem em mundos particulares. Mas, mais uma vez, eu estou com Sophia: cada um encara a vida como lhe convém e todo mundo deveria ter maturidade para respeitar o espaço alheio.
Interessante a forma como Girlboss consegue suspender o fluxo temporal para criar episódios contidos em intervalos curtos como uma noite, sem que isso seja uma maneira mambembe de ocupar espaço para preencher 13 episódios. Ao conhecer melhor Gail, conseguimos sentir empatia por ela e, ao mesmo tempo, nos aprofundar nos dramas de Sophia. “Pantalona” no colocar no lugar de Sophia e enxergamos os acontecimentos com a sua perspectiva.
O que não desce são essas inserções digitais que se tornaram populares, salvo engano, em House of Cards. Primeiro, porque essa é uma referência que já nasce datada. Além disso, Girlboss se passa em 2006. Layout de aplicativo de mensagem de hoje já é uma ideia ruim, o que falar de um da década passada?
O episódio dá uma derrapada quando aponta para uma solução simples, racional. Mas se redime completamente ao mostrar que não é assim que um hater age. Como ficou eternizado na voz de Galvão Bueno, “é treta!”. Veja você mesmo clicando aqui.
Para ler a crítica de “A viagem”, oitavo episódio de Girlboss, clique aqui.