Plano Aberto

Girlboss 1×01 – Sophia

Talvez, o que mais agrade nas produções Netflix seja o cuidado para entregar um produto final bem acabado. Girlboss é uma típica sitcom, com situações propositalmente exageradas, e às vezes até irreais. Mas já em “Sophia”, primeiro episódio da temporada de estreia, mostra uma leveza de conteúdo que, aliada ao elenco carismático e elementos técnicos feijão-com-arroz muito bem resolvidos, torna assistir à série uma experiência agradável.

A protagonista, que dá nome ao primeiro episódio, é uma jovem adulta de 23 anos precisando lidar com os problemas práticos do cotidiano: trabalho, aluguel, vida social e ajuste de expectativas. Britt Robertson, com trabalhos como Sob a redomaTomorrowland no currículo, tem o tempo perfeito para comédia. Fazer rir é muito mais difícil do que fazer chorar e não duvide: você vai rir com ela.

“A vida adulta é onde os sonhos vão para morrer” – mal conheço e já considero pacas

Pelo seu formato enxuto, cada episódio tendo 30 minutos, a edição tem que ser dinâmica para passar as informações necessárias e a trama do episódio precisa ser contida. A série é muito musical, com destaque para a sequência inicial ao som de The Wild One, da americana Suzi Quatro, e Rebel Girl, do grupo de punk noventista Bikini Kill, embalando um improvável roubo de tapete.

Não dá pra negar que Sophia é um tanto quanto espaçosa e inconsequente

Girlboss se permite a essas licenças poéticas quando se apresenta como “uma releitura muito livre de eventos verdadeiros” situados na São Francisco de 2006. A fotografia, num reforço desta realidade “romântica”, parece saída de um filme de Michael Bay: os tons são quentes em todos os cenários, o sol brilha alto e a amplitude da paleta é colorida como um cartaz do Flower Power dos anos 1960. Também é digna de menção a capacidade de Sophia ver o potencial máximo de uma roupa, num truque pedestre com um espelho, mas absolutamente funcional. No fim das contas, é o que importa.

Sophia está jantando com seu pai (ele mesmo, Dean Norris, o Hank de Breaking Bad) e entram numa discussão. Ela se afasta e vai embora, tirando o equilíbrio de posicionamento entre os dois. Sutil na imagem, nada sutil na sonoplastia, pois ela arrasta a cadeira. Como uma criança.

Um primeiro episódio promissor de uma série 99% engraçada, mas aquele 1% faz o espectador pensar “me identifico com isso”. Sophia não é mais uma criança, mas o garçom do restaurante pede sua identidade para lhe servir um drinque. De fato, a vida adulta é onde os sonhos vão para morrer. Como crescer sem virar uma pessoa chata? Para descobrir, assista a todos os episódios. Basta clicar aqui.

Para ler a crítica de “A hérnia”, segundo episódio de Girlboss, clique aqui.

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