Melhores Álbuns de 2020

Melhores Álbuns de 2020

Aproximadamente 50 (ou mais) dos nossos álbuns favoritos de um ano improvisado.

Redação - 10 de dezembro de 2020

Ninguém esperava por 2020, muito menos pelo o que acabou nos confortando durante esse ano. Talvez que mais que qualquer outra mídia, a música se muta, se integra a nossa experiência física, temporal e, talvez até, espiritual. Relação que fez dos álbuns e faixas compilados pela redação do Plano Aberto (e alguns, ilustres, convidad0s), mais que trilha sonora. Votamos em nossos álbuns favoritos de 2020 com a dificuldade de elencar páginas de um diário inconsistente, obras que possivelmente vão permanecer na memória como parte de um período que provavelmente vamos demorar para entender.

Navegue entre os nossos comentários e listas com os links abaixo.

Olorum – Mateus Aleluia

por Igor Nolasco

Força da natureza, Mateus Aleluia é apresentado a uma nova geração através de Olorum, após uma já longa e merecida consagração na música brasileira. Sua música evoca ancestralidade e inventividade em igual medida.

Fetch the Bolt Cutters – Fiona Apple

por Ana C. Vieira

Fetch the Bolt Cutters é o processo cru e cruel de Fiona Apple para se desamarrar do seu passado. Sejam pessoas ou suas próprias escolhas, o confronto chegou, não há mais espaço para chutes por debaixo da mesa.

What’s Your Pleasure – Jessie Ware

por Maicon Firmiano

A música pop internacional rasgou os elementos da eletrônica dos anos 70 e 80 nesse último ano. Em faixas explosivas de The Weeknd ou Dua Lipa, os timbres sintetizados e a grandiosidade instrumental da disco são evocados a uma revisão sonora que há muito vinha se montando. Mas ém What’s Your Pleasure que se sintetiza as possibilidades de se abrir um baú de memórias, Jessie Ware constroi desses mesmos elementos uma discoteca de introspecção. Save a Kiss e Spotlight representam bem esse aspecto escapista em chave minimalista, remetendo a um nicho dentro da música popular de outrora, resgatado aqui como expressão individual que se sobressai a saturação cultural, que se destaca em sua simplicidade.

Punisher – Phoebe Bridgers

por João Oliveira

Agridoce é uma palavra que define bem a experiência de ouvir Punisher. O segundo álbum de Phoebe Bridgers mescla temáticas e harmonias atormentadoras com a voz suave e delicada da cantora. Fruto de nichos do indie folk, com seu lirismo essencialmente individual, mas capaz de emocionar qualquer ouvinte, Bridgers constroi um mundo particular onde ela toca em assuntos sobre vazio existencial, apatia, relações conturbadas e autoconhecimento a beira do fim do mundo. I Know the End, a faixa que encerra o disco, é o fim deste mundo criado e uma experiência catártica e destrutiva. A faixa se divide em duas partes: a primeira, calma e cheia de possibilidades após a autoaceitação e a segunda, destrutiva, conformada com o fim de tudo. O fim é inevitável e o conformismo com essa máxima é, ao mesmo tempo, desolador e delicado. Essa viagem onírica e surrealista possui uma potência emocional muito forte e cada escutada ressoa de uma maneira diferente, graças a força das letras de Phoebe unidas a sua produção e performance. Punisher é agridoce para os ouvidos, digno de mover o ouvinte a cada nova reprodução e é um dos melhores álbuns desse conturbado ano.

Rastilho – Kiko Dinucci

por Bernardo Oliveira

Rastilho é um disco importante sob muitos pontos de vista. Primeiro, Kiko é um compositor engenhoso, capaz de criar um cosmos particular de personagens e situações com precisão dramática. Suas canções visitam temas urbanos caóticos e são atravessadas por uma relação criativa com o legado da canção  e das sonoridades afrobrasileiras. Faixas como Olodé, Dada, Febre do Rato, Veneno, Tambu e candongueiro demonstram a variedade de temas e inflexões que habitam suas composições. O violão é um capítulo à parte, um violão novo, percussivo e ruidoso. Dá pra escutar as diversas batidas de uma orquestra percussiva litúrgica e pagã. Seu violão também dialoga com dois usos percussivos dos instrumentos de cordas: o violão em pizzicato de Nelson Cavaquinho e o banjo de Almir Guineto. Trata-se de um violão totalmente novo na tradição do violão brasileiro. A presença das cantoras é de uma beleza incomensurável: Gracinha Menezes, Dulce Monteiro,  Maraísa, Juçara Marçal e Ava Rocha. A participação do rapper Ogí em Veneno é malandreada. Por fim, vale saudar a gravação deVida Mansa, samba do grande portelense Norival Reis, que além de compositor, foi um importante e inventivo engenheiro de som.

SAWAYAMA – Rina Sawayama

por Beatriz Pôssa

SAWAYAMA resgata alguns dos elementos já presentes em RINA (2017) só que dessa vez seus hits estão marcados pela forte influência do j-pop e do metal, expandido seu repertório. Essa combinação inusitada conversa com os temas do disco que aborda principalmente questões identitárias e comentários acerca da lógica capitalista massacrante do meio artístico, várias das inquietações da artista nipo-britânica. SAWAYAMA explora livremente suas diferentes fontes de referências musicais, se apresentando de maneira divertida e revigorante, um respiro dos sons mais pasteurizados tão repetidos nas rádios. Rina Sawayama traz alguns dos receios que acompanham a busca pela própria identidade – essa constante inadequação ao espaço e a tentativa de solidificar as relações travadas nesse não-lugar – e se consagra como uma das artistas mais interessantes da música pop dos últimos anos.

The New Abnormal – The Strokes

por Wallace Andrioli

The New Abnormal carrega o peso do tempo, uma melancolia própria de jovens adultos ex-rebeldes. É contagiante, do início dançante (The Adults are Talking) ao final devastador (Not the Same Anymore e Ode to the Mets). O disco que me fez redescobrir The Strokes e que me acompanhou por toda a quarentena.

Róisín Machine – Róisín Murphy

por Marcus Vinícius

Escaneando a Diva Disco e desconstruindo sua aura magnética em um álbum de house denso, que nos atrai pelo seu ritmo frenético e eufórico e que com seu hedonismo existencialista e design sonoro opressivo acaba nos desconcertando. Nos fazendo ponderar se deveríamos continuar dançando ,  a máquina de Róisín, no entanto, continua em pleno vapor, nos nutrindo com seu fluxo contínuo de ritmos escapistas.

SOUL LADY – Yukika

por Diogo Serafim

Todas as cores da cidade. Escutar Soul Lady é como percorrer as ruas à noite, sob a luz neon das fachadas, em meio ao movimento constante de carros e pessoas, com uma imensidão de consciências dançando ao torno da sua. O maior trunfo do álbum, além de sua revigorante e magistral instrumentação barroca (que recupera as melhores tendências da música pop dos anos 80, J-pop dos anos 90 e R&B dos anos 2000), é saber como articular um grupo de inspiradas canções em uma ode às noites de Seoul ou de qualquer outra grande cidade do mundo, onde a rotina individual, diluída na multidão caótica da metrópole, finalmente se rende ao desejo de encontrar alguém e se apaixonar.

Piorou – Tantão e Os Fita

por Maria Helena de Pinho

Em seu terceiro disco, o trio eletrônico carioca compõe com ruídos a sinfonia do fim do mundo, traçando imagens de um vertiginoso desmoronamento. Em meio às texturas babélicas d’Os Fita, Tantão surge como o mensageiro do caos, irrompendo em meio aos estilhaços sonoros para prenunciar o colapso final de um país que já nascera fragmentado.

NO DREAM – Jeff Rosenstock

por Henrique Ramos

Jeff Rosenstock continua a batalha com qualquer que seja o significado de “vida adulta”, se agarrando como pode às memórias da juventude e tentando ao máximo não se deixar sobrepujar pelas imposições do presente e pelas expectativas do futuro. NO DREAM é o álbum mais abrasivo e urgente da carreira solo do músico, encontrando meditação em meio a um turbilhão ininterrupto de inseguranças, onde há beleza em saber que, se nada além disso, ao menos estamos todos tentando.

BRIME! – Cesrv, Febem e Fleezus

por Egberto Nunes

“Não é grime, o bagulho é brime”. A influência é clara e gritante no EP dos MCs Febem e Fleezus, junto do produtor Cesrv. Mas, como a citação inicial da dupla (Cesrv em entrevista ao RAP TV) declara, e o disco entrega, é outra fita. Influências brasileiras que vão de memes, menção aos códigos da quebrada paulista, e claro, à batida acelerada de origem londrina, criam algo específico e que reverbera nos bailes e na vida dos sujeitos descritos nas letras do álbum. Há espaço para participações estrangeiras, é claro, que adicionam o tempero do caldo cultural presente e ressaltam a ponte entre lugares diferentes. Se os grupos de lá e de cá são diferentes, a música conecta, comunica, cada qual com seu contexto, mesmo sem a compreensão total da linguagem. BRIME! remonta à raiz do hip hop, a partir desse diálogo, estabelecendo um provável sub-gênero e uma tradução cultural. E não fica só nas letras. A característica bassline ou dubstep do Grime é controlada para conversar com os barulhos dos “radinhos” e do sample viral Deixa os garotos brincar. Preenchendo isso, a vivência da periferia, a trajetória olímpica dos garotos e o sonho do terceiro mundo (hype é mãe não chorar) estabelecem a chegada do movimento em terras paulistas.

how i’m feeling now – Charli XCX

por João Pedro Leopoldino

Ainda que não seja o fator mais notável de todos os artistas que se rotulam parte do bubblegum bass, é válido notar que sempre existiu um senso de coletividade entre essa galera. Artistas como A.G. Cook e Sophie forçaram-nos a perguntar qual é o limite que a música eletrônica pode traçar entre desafiador e açucarado, usando como base sonoridades comuns do electropop anos 2000/final dos anos 2010. Charli XCX, acima de todos os outros artistas, trouxe um diálogo maior entre o underground e o público comum. A sua visibilidade dentro da indústria com sua inegável insatisfação com os rumos que sua carreira estava tomando, nos rendeu num espaço de 4 anos alguns dos trabalhos mais notáveis do electropop de maneira geral. Refletimos sobre o fator da coletividade presente dentro desses artistas que ao mesmo tempo é inerente dentro dos nichos de música eletrônica e chegamos no ponto atual, onde temos que viver isolados uns dos outros em prol de nossa própria saúde. Quem diria que, apesar de tudo isso, quem entregaria o trabalho definitivo sobre o estado da nossa mente nessas condições seria a artista que usou de sua voz para mostrar aquelas que estavam longe dos holofotes da música considerada popular, uma verdadeira meditação sobre o isolamento, onde cada glitch e cada explosão eletrônica se revela uma verdadeira catarse para os corpos que não nasceram pro isolamento. Nosso instinto natural é de viver em comunidade.

May Our Chambers Be Full – Emma Ruth Rundle e Thou

por Aline Veloso

May Our Chambers Be Full é um dos álbuns do ano por unir o sludge metal com os vocais folk-góticos da Emma Ruth Rundle, resultando numa atmosfera etérea e experimental que ao ouvir parece criar um mundo próprio. 

40º.40º – SD9

por Gabriel Leite Ferreira

O disco de estreia do rapper carioca SD9 se estrutura a partir dos contrastes simultâneos entre crime e sexo, bailes funk e operações policiais, sol quente e sangue frio. Tendo o grime como base sonora, SD dispara versos cinematográficos que retratam um Rio de Janeiro quente e impiedoso.

Visions of Bodies Being Burned – clipping.

por Liz Oliveira

Irmão do there existed an addiction to blood, lançado no ano passado, manteve a temática trilha sonora de filme slasher, as referências a cultura pop e a produção experimental e distorcida, colagem de signos referida por alguns críticos como horrorcore, gênero que já se tornou identidade do grupo. Atenção para as faixas: say the name (uma ode a lenda do Candyman), something underneath e a intro que quebrou meu fone de doze reais da daiso.

Good Smell, Vol. 2 – niLL 

por Vitor Torga

O rapper paulista dá sequência ao melhor disco de 2019 seguindo com sua persona real presa no mundo digital, e melhor, segue injetando o máximo de humanidade em cada beat robotizado. Já temos o que ouvir quando for seguro ir às ruas.

Petals for Armor – Hayley Williams

por Zoë Masan

Hayley Williams é uma pessoa extremamente corajosa e sem medo de se arriscar musicalmente. Por mais que o self-titled e o After Laughter do Paramore já deixassem isso claro, Petals for Armor, é seu despertar e só poderia ser feito solo. Petals for Armor é um álbum extremamente pessoal que aborda uma jornada de reflexão e autoconhecimento que só o isolamento podem trazer. Hayley passeia pelo ódio em seu estado bruto, tristeza, ressentimento e, finalmente, libertação. A maior fortaleza está em conhecer a si mesmo.
“I’m not lonely baby, I am free. Finally.”

Microphones in 2020 – The Microphones

por Natália Reis

The Microphones in 2020 é descrito na página do bandcamp como uma longa canção gravada em lugar nenhum, entre maio de 2019 e maio de 2020. A faixa de quase 45 minutos rompe um hiato de 17 anos sem lançamentos inéditos de Phil Elverum (que também responde pelo projeto Mount Eerie) sob o pseudônimo The Microphones e conta com um lyric video – algo como um álbum visual – no youtube feito pelo próprio compositor. Desses 45 minutos, oito são dedicados à introdução arrastada nos acordes simples repetidos no violão – recurso que serve de pano de fundo em toda a extensão do álbum/faixa, sendo interrompido pela entrada repentina de percussão, distorções de baixo, drones, ruídos e microfonias. Uma sucessão de ambientações e clímaxes que, somados às lembranças de Elverum de sua carreira nos últimos 20 anos, revelam uma investigação sobre identidade e passado, e o passado como parte indissociável dessa identidade. Numa espécie de fluxo caótico de consciência, somos apresentados às suas referências musicais da adolescência, a memórias da infância e acontecimentos marcantes, como a morte de Kurt Cobain e uma epifania após a matinê de O Tigre e o Dragão. Nos minutos finais, a constatação: “toda essa nostalgia é embaraçosa”. Mas o que Phil Elverum faz, enquanto canta repetidamente “o estado natural de todas as coisas” e dispõe sobre a mesa fotografias em que aparece como um fantasma disperso no tempo e paisagens de florestas congeladas (respondendo à própria questão: o estado natural de todas as coisas é a impermanência), é algo que se afasta de qualquer lamento, é uma visita guiada aos traumas e conquistas que fizeram da sua música o que é hoje, The Microphones in 2020.

Victor Xamã – Cobra Coral

por Igor Marques

Xamã entende muito de som e esse EP destaca essa qualidade com excelência. Historicamente o rap tem uma tradição de versar/oralidade muito forte, ele sabe disso e faz muito bem, mas não é somente de flow que se constroem as músicas de Victor Xamã.  Os enlaces entre silêncio e ruídos são desenhados. No Ep que ele também produziu, os samples e os timbres formam uma narrativa, não parecem escolhidos por comodidade. As músicas parecem suspensas numa paisagem sonora muito bem ambientada, com níveis de profundidades e texturas delineados de uma forma única.

Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água – Luedji Luna

por Maicon Firmiano

Luedji encara o oceano e ele a responde, canta ao mar e à infinidade que ele representa. Mesmo se aproximando ainda mais da bossa, Luedji Luna permanece ancorada no ijexá baiano, expandido seu campo sonoro em um disco que vai do orquestral à poesia, com os dois pés no chão e o coração na clareza das águas.

Cenizas – Nicolas Jaar

por Nicholas Correa

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Su lenguage

A imagem da capa já anuncia o motivo predominante do terceiro álbum de Nicolas Jaar, é uma viagem de autorreflexão. Escutar Cenizas é quase como adentrar um território solipsista, é uma viagem a um espaço privado, cindido da vivência comum. A faixa titular (letras acima) sintetiza o tom predominante do álbum, um tom de melancolia e introspecção. Os sons de Jaar ecoam como em uma câmara fechada, a solitária desoladora de um Eu que não acessa o outro, sons que também nos aparecem quase indistintos, difusos, como que se perdessem suas propriedades antes de chegar a um ouvinte. A desolação do eu lírico de Jaar já não vê caminho a ser percorrido. Como vê-se na última faixa, Faith Made of Silk, o que se escolhe em Cenizas, para além dos finalismos responsáveis por nos dar um sentido à vida, é olhar ao redor, fazer sentido do que se percebe e se escuta.

Letrux Aos Prantos – Letrux 

por Lorrana Melo

Aos Prantos reúne a emoção de uma orquestra inteira em 4 músicos que dão vida, dor e êxtase para o cotidiano, ao sexo, ao amor, às festinhas e às questões de ser Letrux. Já sabemos que Letícia é boa com as palavras, mas é a guitarra, o teclado e cada distorção de instrumentos que fazem o disco ter choro.

Ohms – Deftones

por Aline Veloso

O primeiro álbum do Deftones depois de “Gore”, relembra as raízes pela qual a banda se formou: o etéreo, o nu-metal experimental, com uma dose de shoegaze. Combinando a voz de Chino Moreno e a guitarra eletrizante de Stephen Carpenter, este é, facilmente, um dos melhores albúns da banda.

Inner Song – Kelly Lee Owens

por Marcus Vinícius

Acessando estruturas e melodias mais familiares que seu álbum de estreia, Kelly Lee Owens ainda consegue moldar e traduzir sua própria essência esparsa nas canções mais firmes presentes aqui . Transformando-as em algo extremamente onírico, derretendo as palavras no seu tech house etéreo e preenchendo as faixas instrumentais com detalhes intricados até o lírico e o instrumental se tornarem ambos uma entidade  única e indissociável.

Máquina do Tempo – Matuê

por João Pedro Faro

Cada música do disco de estreia do rapper cearense Matuê é acompanhada de uma animação digital construída por loopings visuais e estéticas cósmicas. Dando coro ao caráter viralizante das 7 músicas, o trabalho do animador Stefan Mathez compreende o encontro do som de Matuê entre a stoner music e suas projeções mais espiritualmente épicas, onde uma produção de peso, quase etérea, é movimentada sonoramente pelas pulsões mais agressivas que o trap propõe.
Matuê deixa a persona costumaz de enfant terrible pra se reconhecer como uma espécie de profeta lisérgico, um viajante multidimensional que rege uma sonoridade astral aos pouco menos de 20 minutos de álbum. Na faixa de abertura, Cogulândia, é estabelecida a entrada a uma breve narrativa que será condensada entre os tons viajantes e suas paranoias assertivas. A grande recorrência é, justamente, a capacidade cíclica da letargia, um estado constante de embate da paz interior com as inevitabilidades do físico. É no centro do álbum, na transição da anestesiante Vem Chapar para o hit 777-666, uma música carregada pelo rancor pulsante de um beat violento, que se encontra uma certa chave para a compreensão dicotômica que Matuê compõe. Uma rebelião de caráter espacial, vinda da lisergia, que coloca o indivíduo no centro de seu universo. Objetivo em suas proposições, mas expansivo em sua execução, Máquina do Tempo é uma breve e ambiciosa jornada de exploração para o âmago do trap enquanto fenômeno pop, sempre na corda bamba entre a efemeridade e a eternidade.

KiCk i – Arca

por Maicon Firmiano

Dando passos além da atmosfera opressiva e futurista dos últimos projetos solo, Arca se monta como engenheira de um pop industrial e estalado, com parcerias que destacam de forma definitiva o potencial vanguardista da mutante venezuelana.

Letter to You – Bruce Springsteen

por Claudio Gabriel

Letter to You é um dos trabalhos mais pessoais da carreira de Bruce. Enquanto seus trabalhos anteriores tinham uma dimensão um pouco mais época (fruto de uma revisita aos clássicos Born to Run e The River), esse parece muito mais conversa do músico com pessoas próximas. Como diz mesmo o título, uma espécie de carta enviada a um amigo, em busca de um afago. Apesar de não ter sido pensado em 2020, é impossível não relacionar como um dos álbuns mais acalentadores de um ano tão difícil.

COSMOS – Rogério Skylab

por Igor Nolasco

Com extensa discografia, Rogério Skylab chega em COSMOS, primeiro volume de uma já anunciada trilogia de discos, exalando uma maturidade artística, lírica e musicalmente. Calcado no samba-jazz, o novo trabalho está entre as coisas mais imersivas que já fez.

Happiness In Liquid Form – Alfie Templeman

por Matheus Fiore

Depois do álbum de estreia Don’t Go Wasting Time, Alfie Templeman retorna com o ótimo EP Happiness in Liquid Form. O inglês de 17 anos consegue mais uma vez mesclar referências diversas para criar um som de groove moderno e robusto. Dos violões e guitarras às batidas eletrônicas, o trabalho parece uma expansão e a maturação do que Templeman vinha fazendo desde 2019. As letras ainda soam um tanto quanto bobas, mas não dá para esperar muito mais de um adolescente de dezessete anos. E aqui, o que vale, é como os arranjos e melodias convergem em um som suave, bem mixado e cheio de personalidade.

Melhores Álbuns Brasileiros de 2020

Olorum – Mateus Aleluia

Rastilho – Kiko Dinucci

Piorou – Tantão e Os Fita

BRIME! – Cesrv, Febem e Fleezus

40º.40º – SD9

Good Smell, Vol. 2 – niLL

Victor Xamã – Cobra Coral

Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água – Luedji Luna

Letrux Aos Prantos – Letrux

Máquina do Tempo – Matuê

COSMOS – Rogério Skylab

O Líder em Movimento – BK

Cinzento – Marcos Valle

Briga de Família – Vovô Bebê

Thiago Nassif – Mente

Crianças Selvagens – Hot & Oreia

Desejo de Lacrar – Negro Leo

Não É Doce – Olivia de Amores

Jup do Bairro – Corpo Sem Juízo

Cânticos sagrados do Candomblé – Xirê Alagbé

Gueto flow, Preto show – Pelé do Manifesto

Linn da Quebrada – PAJUBÁ REMIX II

Fundamento – Marabu

O Original – Zé Vaqueiro

REDUTO DAS PIRANHA – DJ RaMeMes

Contar Horas Até Cem – Jagunço

Cor da Alma – Ian Lecter

Delírios Líricos – Tatá Aeroplano

Cícero – Cosmo

Toda História Pela Frente – Kaatayra

Playlist no Apple Music

Playlist no Deezer

Melhores Álbuns de 2020

Olorum – Mateus Aleluia

Fetch the Bolt Cutters – Fiona Apple

What’s Your Pleasure – Jessie Ware

Punisher – Phoebe Bridgers

Rastilho – Kiko Dinucci

SAWAYAMA – Rina Sawayama

The New Abnormal – The Strokes

Róisín Machine – Róisín Murphy

SOUL LADY – Yukika

Piorou – Tantão e Os Fita

NO DREAM – Jeff Rosenstock

BRIME! – Cesrv, Febem e Fleezus

how i’m feeling now – Charli XCX

May Our Chambers Be Full – Emma Ruth Rundle e Thou

40º.40º – SD9

Visions of Bodies Being Burned – clipping.

Good Smell, Vol. 2 – niLL

Petals for Armor – Hayley Williams

Microphones in 2020 – The Microphones

Victor Xamã – Cobra Coral

Cenizas – Nicolas Jaar

Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água – Luedji Luna

Letrux Aos Prantos – Letrux

Ohms – Deftones

Inner Song – Kelly Lee Owens

Máquina do Tempo – Matuê

KiCk i – Arca

Letter to You – Bruce Springsteen

COSMOS – Rogério Skylab

Happiness In Liquid Form – Alfie Templeman

Women in Music Pt. III – HAIM

Windswept Adan – Ichiko Aoba

O Líder em Movimento – BK

Cinzento – Marcos Valle

DISCO – Kylie Minogue

RTJ4 – Run the Jewels

Eyes Wide Open – TWICE

Briga de Família – Vovô Bebê

Song for Our Daughter – Laura Marling

Heaven for a Tortured Mind – Yves Tumor

After Hours – The Weeknd

Mente – Thiago Nassif

Miss Colombia – Lido Pimienta

Future Nostalgia – Dua Lipa

Crianças Selvagens – Hot & Oreia

Un Canto Por México, Vol. 1 – Natalia Lafourcade

Desejo de Lacrar – Negro Leo

Folklore – Taylor Swift

Lamentations – William Basinski

YHLQMDLG – Bad Bunny

Playlist no Apple Music

Playlist no Deezer

Quem participou

Contribuiram com essa votação: Aline Veloso, Ana C. Vieira, Ana Clara Martins, Beatriz Pôssa, Bernardo Oliveira, Cláudio Gabriel, Diogo Serafim, Egberto Nunes, Gabriel Leite Ferreira, Henrique Ramos, Igor Marques, Igor Nolasco, João Oliveira, João Pedro Faro, João Pedro Leopoldino, Liz Oliveira, Lorrana Melo, Maicon Firmiano, Marco Antonio Barbosa, Marcus Vinícius, Maria Helena de Pinho, Matheus Fiore, Natália Reis, Nicholas Correa, Vitor Torga e Wallace Andrioli.

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