O fascismo histórico tem relações diretas com o cinema. Adolf Hitler, chanceler da Alemanha entre 1933 e 1945 e líder de uma versão ainda mais extremada da ideologia de origem italiana, bem como seu ministro da propaganda, Joseph Goebbels, viam nos filmes um meio fundamental para acessar a mentalidade das massas, convencê-las de seus propósitos, produzir sua adesão a um pensamento autoritário, violento, nacionalista e intolerante. Diversos exemplares do cinema alemão desse período, muitos deles bastante primários em termos cinematográficos (caso dos antissemitas “O Eterno Judeu” e “O Judeu Süss”, ambos de 1940), mas outros produtores de significativos avanços de linguagem (como os documentários “O Triunfo da Vontade”, de 1935, e “Olympia”, de 1938, dirigidos por Leni Riefenstahl), reproduziram abertamente valores nazistas.
Os fascismos também foram objeto de um cinema de oposição a ele, desde os anos 1930. Especula-se, por exemplo, o quanto há de crítica subentendida ao nazismo num filme como “O Testamento do Dr. Mabuse” (1933), de Fritz Lang. E referências negativas mais abertas ao governo de Hitler apareceram em Hollywood mesmo antes da entrada dos Estados Unidos na guerra contra a Alemanha – “Confissões de um Espião Nazista” (1939), de Anatole Litvak, “Tempestade d’Alma” (1940), de Frank Bozarge, e, claro, “O Grande Ditador” (1940), de Charles Chaplin, são exemplos disso. Durante o conflito entre Aliados e países do Eixo, o cinema norte-americano foi tomado por filmes antinazistas, das conhecidas animações de Walt Disney a vencedores do Oscar, como “Casablanca” (1942), de Michael Curtiz.
Após 1945 e até os dias atuais, diretores de diferentes nacionalidades, que viveram de perto os fascismos ou não, buscaram refletir sobre o tema, tentar explicar esse fenômeno político de extrema-direita que mobilizou tanta gente ao redor do ideal de destruição da alteridade. Os doze filmes abaixo abordam diferentes aspectos dos fascismos, da intolerância com homossexuais ao extermínio dos judeus, do apoio de setores médios das sociedades italiana e alemã ao engajamento de famílias aristocráticas. Eles dão um panorama que ajuda na compreensão de um passado recente que insiste em não morrer.