São comuns as reclamações sobre injustiças no resultado do Oscar de melhor filme. Reclamações que costumam fazer bastante sentido. No entanto, é preciso reconhecer também que, ao longo da história da premiação, muitos acertos ocorreram e verdadeiras obras-primas foram laureadas com a estatueta na categoria principal. Partindo dessa constatação, listo abaixo aqueles que considero os melhores dentre os vencedores do Oscar de melhor filme.
O marco inicial de um cinema de underdogs que influenciaria de Scorsese a Rocky Balboa.
O encontro necessário do anseio por liberdade do cinema novo tcheco com a revolução da Nova Hollywood.
O primeiro grande filme de guerra (e anti-guerra) do cinema falado. E ainda um dos melhores.
O retorno do inferno para o paraíso perdido. A dificuldade da readaptação à vida civil registrada quase como um documentário, no momento em que os soldados norte-americanos de fato voltavam ao país. Um dos filmes mais dolorosos e bonitos da história.
A clássica história romântica em tempos catastróficos encontra o cinema moderno de ação de James Cameron. Um filme de timing preciso, impecável, e ainda assim emocionalmente arrebatador.
A obra-prima que deu sequência a outra obra-prima. As trajetórias paralelas de pai e filho rumo ao poder. A tragédia familiar. O beijo de Michael em Fredo. Al Pacino e Robert De Niro. Acima de todos, varrendo a velha ordem no “quintal” da máfia americana, a Revolução. Um dos filmes mais políticos da Nova Hollywood.
O ocaso e o renascimento de um herói e de um gênero, pelas mãos de um de seus maiores ícones. O melhor western já feito.
O suprassumo do cinema épico de David Lean. O deserto como personagem arrebatador, imageticamente aproveitado em seu máximo. Um dos protagonistas mais fascinantes de todos os tempos.
A acidez contumaz de Billy Wilder numa comédia romântica sombria e doce ao mesmo tempo. Jack Lemmon e Shirley McLaine esplêndidos como instrumentos do texto ágil e da mise-en-scène genial de Wilder.
Quando tudo que deveria dar errado deu certo. Corrosão e reconfiguração do “sonho americano”. A família como negócio, o negócio como crime. A trajetória surpreendente e devastadora de Michael Corleone, que deu ao mundo Al Pacino. Marlon Brando criando seu personagem mais icônico, na melhor atuação de sua carreira.