A lista das piores séries é a que causa mais indignação. Não apenas nos leitores, mas também em nós, que tivemos de assistir a essas bombas. Um filme ruim atrasa a sua vida por duas horas, três no máximo. Mas uma série pode se arrastar por meses. Se sair num streaming, vai roubar seu fim de semana. É muito tempo investido para se decepcionar no final.
Cada crítico teve um voto nessa lista. Se a sua série ficou de fora, conte pra gente nos comentários!
Questões políticas à parte, a série de José Padilha tem a profundidade de um artigo da revista Veja, repetindo uma infinidade de lugares-comuns: “todo político é safado”, “roubar cinco é o mesmo que roubar cinco milhões”, “só um herói pra resolver isso” etc. Padilha leva oito episódios pra pregar a mesma “filosofia de boteco” que ouvimos – e, dependendo do nível de alcoolemia, falamos – enquanto rachamos aquela porção de fritas com calabresa.
Mesmo com um bom elenco (a atuação de Enrique Díaz é simplesmente encantadora), a série se equivoca ao tomar decisões narrativas básicas, como escolher sob qual perspectiva uma operação policial deve ser filmada, colocando cenas inteiras em contradição com um roteiro infantil e tolo. Desde que Felipão escalou Bernard no lugar de Neymar, o Brasil não via uma criança tão convicta que entendia dos assuntos dos adultos.
Não há dúvidas de que temas como bullying, abuso sexual e suicídio devem ser discutidos, especialmente para o público infantojuvenil. No entanto, por serem assuntos sensíveis, é importante saber como abordá-los. Com a sua 2ª temporada, “13 Reasons Why” prova que definitivamente não sabe: adotando uma linha que segue o estilo “Gossip Girl”, a forma superficial com que a série aborda conteúdos profundos acaba banalizando o que é dito.
Embora a nova temporada consiga corrigir alguns dos erros da primeira, como a romantização do suicídio, as suas falhas estruturais permanecem. A série mantém a mesma abordagem, utilizando problemas graves para prender a audiência (especialmente com cliffhangers), o que é incômodo. Ao tentar conscientizar e entreter ao mesmo tempo, “13 Reasons Why” acaba não conseguindo fazer nenhum dos dois.
A série tem um visual digno de lhe comparar com obras futurísticas como Blade Runner, um roteiro com potencial para ser um Westworld e uma temática instigante: a tecnologia rompendo as barreiras de uma vida útil humana. Takeshi Kovacs é um personagem interpretado por dois atores, já que o universo permite a mudança de corpo, ou “capas”, como são chamados na história. Quando interpretado por Joel Kinnaman (House of Cards), é um protagonista que precisa se esforçar a todo o tempo para ter a postura de durão e se presta a narrar as introduções de cada episódio de forma desnecessária e explicativa demais.
Os episódios iniciais empolgam pela estética neo punk, se aproximando de uma boa ficção científica já que muitas vezes utiliza a tecnologia como recurso para seu enredo, mas a série não demora para mostrar o vazio narrativo que ela própria deixa ao criar tanta expectativa.
O grande problema de “Vai Anitta” é que a série nunca assume ser o que é de fato: uma covarde peça de propaganda. Não há nenhum questionamento, nenhum momento de bastidores, nenhum conflito, a não ser todos os que a própria Anitta quer que o público veja.
A série redefine o termo “chapa branca”. É feita sob medida para vender a mais pasteurizada artista do cenário brasileiro para o mercado internacional. É, mais uma vez, uma tentativa de Anitta de firmar-se como uma artista internacional. Não à toa, a série aposta em tantos depoimentos elogiosos dos parceiros internacionais da cantora e empresária. “Vai Anitta” é tudo que uma má arte costuma ser: uma peça de propaganda covarde disfarçada de obra audiovisual. Falta transparência, honestidade e humanidade.
Com estrutura novelesca e uma trama que se arrasta por nove episódios, a segunda parte de “La Casa de Papel” comete o crime mais comum a boa parte dos seriados que desenvolvem muitas subtramas: submetem o espectador ao tédio.
A partir do terceiro episódio a série espanhola entra em um loop que parece se resumir ao Professor quase ser pego e a discussões entre Berlim e Tóquio. Ao fim o que acontece é o esperado: que o crime dê certo. Até há outras situações acontecendo, mas tudo parece ser jogado de qualquer maneira apenas para preencher os episódios. O que podemos tirar de melhor dessa temporada são as discussões sobre as relações de poder existentes nos relacionamentos abusivos entre os sequestradores e suas vítimas. Chamem de masoquismo, mas ainda assim há interesse no que pode vir na próxima temporada.