O novo boletim musical do Plano Aberto é a playlist quinzenal pra te lembrar do que você não pode deixar de ouvir, do pop ao erudito, do som brasileiro aos ruídos dos últimos confins do universo. Se acompanhar os lançamentos musicais te parece uma tarefa herculana, a Playlist da Quinzena está aqui pra te ajudar a matar um leão por dia.
A cada 15 dias, 15 músicas pra te apresentar novos sons e te lembrar em que prestar atenção, antes que você esqueça.
Na última quinzena de fevereiro, fomos do retorno de Lady Gaga e Mahmundi e vislumbramos o futuro com ambiências pós-apocalípticas. Se liga na lista, e, aproveite pra curtir a playlist no Spotify.
A polidez canadense de Dan Snaith sempre rende pequenas joias de sonoridade difíceis de se categorizar, englobando electronica, house, R&B, new wave e minúcias de subgêneros do avant-garde em todos – acredite, são muitos – os seus pseudônimos. Suddenly é o último lançamento de Snaith sob o nome Caribou. O techno etéreo de camadas melódicas dos álbuns passados, ganham nesse elementos de ambiência que se conectam aos temas que Suddenly explora, natureza e família, perda e conformidade. Imagine Virginia Woolf fritando ao som de um deep house.
Primeiro single comercial solo desde o melancólico Stranger in the Alps de 2017. Bridgers confecciona imagens de pesadelos surreais para ilustrar uma ideia de tempo perdido e nostalgia em uma melodia contemplativa. Tentar aceitar o passado para vislumbrar o futuro.
Uma das várias faixas que o DJ carioca lançou desde sua recente liberdade, marca (mais um) retorno ao seus pontos fortes como inventor sonoro. A produção de elementos simples mas que consegue migrar entre espaços sonoros complexos enquanto embrulha uma linha vocal pop, tão memorável que qualquer hit de rádio. Debater a talaricagem nunca foi tão necessário.
Desde já um dos melhores álbuns de 2020, Man Alive! de King Krule, o sósia torto de Ron Weasley, enfia todos os seus pedais ainda mais no experimentalismo. O mesmo punk-jazz-fusion que já desafiava sua própria sonoridade em letras observacionais e tons frios, mas agora em tons mais otimistas. Amadurecer!
Considera inconcebível um filme de 4 horas? Considere ouvir essa faixa de 1 hora e dois minutos que desenha um caos apocalíptico em capítulos sonoros que simulam uma transmissão além-mundo. A venezuelana Arca entrega uma desconstrução de toda sua obra até aqui nessa canção que é parte de sua última instalação artística. É isso que vamos ouvir quando os drones estiverem nos caçando.
Ainda em trilhas sonoras, o veterano Moroder – pai italiano da Disco – resolveu lançar essa nova versão do tema principal de O Expresso da Meia-Noite (1978), por si só um clássico da música eletrônica apesar de sua origem. Para correr em câmera lenta.
Peço desculpas aos fãs de Led Zeppelin, mas, é assim que se faz pastiche de Led Zeppelin. Faixa bônus da reedição do álbum Cheap Queen, Ohio traz uma crescente harmonia de guitarras distorcidas inspiradas tanto na banda britânica quanto na teatralidade do rock oitentista que cantava sobre amor de cima de seus saltos plataformas. De exageros e vulnerabilidade ela entende muito bem.
Ah, a distorção. Se o som torto de Arca não for o suficiente, essa mais curtinha do Against All Logic talvez te dê isso numa porção mais razoável. Projeto do produtor Nicolas Jaar – de faixas com The Weeknd, Grizzly Bear, Brian Eno e da última obra prima de FKA Twigs, o LP Magdalene – é um compilado de mixes abrasivos e industriais com sensibilidade pop, onde o ritmo é a melodia.
A música pop estava precisando de cafonice. Não leve a mal, é um elogio. De volta aos sintetizadores de Born This Way e mantendo o intimismo lírico de Joanne, nossa Stefani sabe que estamos em crise. Essa união de elementos de sua própria obra é deliberado para produzir a canção triunfante que nos aliena dos males do mundo. Jackson Maine está morto, Ally não. Mandou bem.
Com a mesma sagacidade que M.I.A. trouxe aos seus primeiros trabalhos, MHYSA é o espírito antropofágico aplicado ao R&B norte-americano. Transforma suas referências populares em faixas que alguns podem achar inacessíveis. Entende os elementos do Hip-Hop e R&B dos 2000 como ferramentas de uma revolução sonora-digital.
O trabalho mais acessível do iconoclasta Yves Tumor até agora. Os sintetizadores e o groove continuam nervosos, mas o vocal setentista faz descer como mel.
Funk 150 encontra o melody e o brega-funk. A música periférica está sempre na vanguarda e essa é um bom compilado sonoro que argumenta por isso.
O grunge obviamente está morto. Músicos como Soccer Mommy me fazem imaginar uma cerimônia de passagem de coroa da velha guarda para essa nova leva de roqueiros de quarto-garagem. Melhor, me fazem lembrar daquele encontro de gerações na segunda temporada de Digimon.
O eterno verão que é a vida de Mahmundi. A estação está acabando e a carioca está aqui pra, mais uma vez, prolongá-la.
Um europop melancólico que extravasa o conceito. Nesse EP, Christine canta sobre tristeza, em três idiomas diferentes. Faz você querer aprender mais um.
Faixas-Bônus:
Compilando apenas a segunda quinzena de fevereiro deixamos pra trás alguns biscoitos finos que merecem sua atenção. Nessa primeira edição do [Playlist de Quinzena], ao invés das 5 faixas bônus que vamos indicar a cada edição, vamos incluir 15 faixas. 15 lançamentos do início de fevereiro que não podem ficar de fora do seu radar.
After Hours – The Weeknd
Te Miento – Paul Marmota com La Zowi
Spotlight – Jessie Ware
4 American Dollars – U.S. Girls
Sarah Come Home – Allie X
Delete Forever – Grimes
Soca Soca Soca – Mc Pipokinha com Mc Dricka
ringtone (remix) – 100 gecs com Charli XCX, Rico Nasty e Kero Kero Bonito
Comme Des Garçons (Like The Boys) [Brabo Remix] – Rina Sawayama com Pabllo Vittar
Swimmer – Tennis
Silver Tongue – TORRES
I Feel Alive – TOPS
Run – Joji
Briga de Família – Vovô Bebê com Ana Frango Elétrico
Something Relative – Honey Harper
Na Onda da Bala – DJ Guilherme com Mc Dricka