Um filme ruim nos toma duas, três horas da vida no máximo. Uma série ruim pode nos tirar dias, meses, quem sabe até anos. Escolher as séries decepcionantes de 2017 foi uma tarefa para Gustavo, Yasmine, Mario e Matheus. Todas as obras citadas são comparáveis a infecções hospitalares: experiências que deveriam nos deixar bem e quase nos mataram. São elas:
Assistir a uma série que aborda um assunto tão sério como a depressão é louvável. Porém, todo o cuidado é necessário quando se trata de um material voltado para o público jovem. Apoiar as pessoas que passam por isso demonstrando que há meios para serem ajudados foi o que a primeira temporada de 13 Reasons Why trouxe de melhor. Romantizar o suicídio e sugerir a ideia de que todos são culpados pela depressão de alguém, o pior e mais irritante.
O foco em Hannah, por meio de suas cartas/fitas nas quais ela explicita a responsabilidade de cada pessoa em seu estado de saúde, afirma a ideia de culpabilização de todos em torno dela. Essa aura de vingança faz com que a mensagem transmitida pareça contraditória. Se discutimos o quão sensível é ter depressão, não podemos fazer isso por meio da dor alheia. A série funciona mais fomentando a discussão do que respondendo às próprias perguntas.
A vida das duas amigas em Nova York tentando realizar o sonho de ter uma loja de cupcakes não foi o bastante para manter a comédia Duas Garotas em Apuros por mais tempo no ar.
Desde a terceira temporada não existia mais desenvolvimento dos assuntos que se baseavam apenas em piadas sobre o tamanho do Han, a idade do Earl e o sexo entre o Oleg e Sophie. Junte a isso Carol cada vez mais chata e Max mais maconheira. Essa repetitividade desgastou o que já estava desgastado e, mesmo encerrando qualquer possibilidade de continuidade, bravamente resistiu por três anos.
Optando por temas triviais, encerraram a série nesta temporada com casais sendo formados até no último minuto, desejos realizados e aquela última cena que deixa a perspectiva de uma nova temporada sair em alguns poucos anos ou décadas.
Esqueça todo o drama de sobrevivência e o thriller de terror que foi construído nas duas primeiras temporadas. The Walking Dead chegou ao fundo do poço e foi além. Cavou mais. O nível é tão baixo, que dá a impressão de que os produtores querem “inverter” o jogo: criar uma série tão ruim, mas tão ruim, que se tornará boa involuntariamente, assim como ocorreu com o infame The Room, de Tommy Wiseau.
Vilões estereotipados, mal escritos e mal atuados, personagens que não saem do lugar há dois ou três anos, tramas que se resolveriam em vinte minutos que são prolongadas por uma temporada inteira… The Walking Dead, hoje, é uma aula de como não fazer um produto audiovisual. É triste ver atores tão talentosos como Melissa McBride e Andrew Lincoln presos a uma obra tão pedestre. Em condições normais, torceríamos para que o projeto morresse, mas sabe como é: zumbis morrem e voltam quando menos se espera…
Plot sem sentido e batido, cenas de luta tão convincentes quanto propaganda política e personagens sem nenhum carisma. Punho de Ferro é difícil de se assistir. É uma série que se propõe a enaltecer o Kung-Fu e falar, bem superficialmente, sobre grandes corporações, mas só consegue trazer um protagonista mimado, egocêntrico e insípido, além dos coadjuvantes sem identidade, da direção preguiçosa e do roteiro que tira problemas e soluções como quem tira coelhos de uma cartola.
A atuação sofrível de Finn Jones que puxa Punho de Ferro para baixo como blocos de concreto nos pés de um desafeto da máfia jogado em um rio. O protagonista é tão fraco que, mesmo ao lado dos excelentes Charlie Cox, Mike Colter e Krysten Ritter, quase conseguiu estragar a primeira temporada de Os Defensores.
Sejamos sinceros, a segunda temporada de Stranger Things não é bem ruim. Aliás, está até distante disso. Mas uma comparação com a primeira é praticamente impossível. Já no terceiro ou quarto episódio do segundo ano desta produção original da Netflix era difícil encontrar um motivo para a existência da série se não a necessidade de imprimir dinheiro.
O início é ótimo, com o carisma irrefutável de seu elenco e os visuais ainda mais oitentistas são criadas diversas expectativas. Temos personagens novos misteriosos, uma criatura com visual sombrio e uma Eleven longe de seus amigos, três pontos do roteiro que tinham tudo pra nos ansiar pela conclusão, certo? Bem, todos fracassam. Temos personagens mal desenvolvidos, a criatura desperta mais tensão quando não mostrada e a saga da Eleven fica extremamente conturbada e feita com pressa. Fica a expectativa para que coisas estranhas continuem ocorrendo em Hawkings, mas que da próxima, façam direito.
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